A transfobia, que costuma ser a manifestação mais letal da homofobia e do heterossexismo, na escola encontra maneiras bastante perversas para se manifestar, negar a humanidade e excluir..O preconceito, a discriminação e a violência, que na escola atingem lésbicas, gays e bissexuais e lhes restringem direitos básicos de cidadania, se agravam enormemente em relação a travestis e transexuais. Essas pessoas, ao construírem seus corpos, suas maneiras de ser, expressar-se e agir em nítida dissidência em relação às normas de gênero, não passam incógnitas, pois elas, mais do que ninguém, não tendem a se conformar à pedagogia do armário. Não raro, ficam sujeitas às piores formas de desprezo, abuso e violência. Por estarem situadas nos patamares inferiores da “estratificação sexualâ€, seus direitos são sistematicamente negados e violados sob a indiferença geral..Não por acaso, diversas pesquisas têm revelado que as travestis constituem a parcela com maiores dificuldades de permanência na escola e de inserção no mercado de trabalho. Os preconceitos e as discriminações a que estão cotidianamente submetidas incidem diretamente na constituição de seus perfis sociais, educacionais e econômicos, os quais, por sua vez, serão usados como elementos legitimadores de ulteriores discriminações e violências contra elas. A sua exclusão da escola passa, inclusive, pelo silenciamento curricular em torno delas..Privadas do acolhimento afetivo, em face das suas experiências de expulsões e abandonos por parte de seus familiares e amigos, são alvo de inúmeras formas de violência por parte de vizinhos, conhecidos, desconhecidos e instituições. Com suas bases emocionais fragilizadas, travestis e transexuais, na escola, têm que encontrar forças para lidar com o estigma e a discriminação sistemática e ostensiva por parte de colegas, professores/as, dirigentes e servidores/as escolares. As experiências de chacota, ridicularização e humilhação, as diversas formas de opressão e os processos de segregação e guetização a que estão expostas as arrasta como uma “rede de exclusão†que vai se fortalecendo, na ausência de ações de enfrentamento ao estigma e ao preconceito, assim como de políticas públicas que contemplem suas necessidades básicas, como o direito de acesso aos estudos, à profissionalização e a bens e serviços de qualidade em saúde, habitação e segurança..Como os relatos ilustram, nas escolas elas tendem a enfrentar obstáculos para se matricular, participar das atividades pedagógicas, ter suas identidades minimamente respeitadas, fazer uso das estruturas das escolas (os banheiros, por exemplo) e conseguir preservar sua integridade física. Por que pode ser tão difícil e perturbador reconhecer o direito de uma pessoa ser tratada da forma em que ela se sente confortável? O nome social não é um apelido e representa o resgate da dignidade humana, o reconhecimento político da legitimidade de sua identidade social..Não raro, o currículo em ação eclode e se explicita nas atitudes dos/as professores/as frente à diferença. Com efeito, um/a docente, ao se recusar a chamar uma estudante travesti pelo seu nome social, está ensinando e estimulando os/as demais a adotarem atitudes hostis em relação tanto a ela quanto à diferença/diversidade sexual em geral. Trata-se de um dos meios mais eficazes de se traduzir a pedagogia do insulto e o currículo em ação em processos de desumanização e exclusão..Ao lado disso, é preciso sublinhar que a espacialização é um dos procedimentos cruciais dos dispositivos de poder. Bem por isso, é um dos aspectos centrais do currículo, que se verifica na esteira dos processos de divisão, distinção e classificação que este continuamente opera. A violação do direito ao acesso ao banheiro é um exemplo que mostra que os processos de espacialização são acompanhados de naturalizações extremamente sutis, que se desdobram em interdições e segregações..Uma aluna travesti dificilmente poderá, em segurança, arrumar-se diante do espelho em um banheiro masculino. Pesquisas trazem depoimentos de travestis que relatam episódios frequentes de agressões e estupros nos banheiros masculinos, em que elas acabaram punidas e não os agressores. Na escola, negar o direito do uso do banheiro conforme a identidade de gênero de alguém (e não necessariamente segundo seu sexo biológico) corresponde a negar-lhe o direito à educação. Quem não pode ir ao banheiro não pode permanecer na escola..Para que as pessoas transgênero (especialmente travestis ou transexuais) tenham seus direitos de cidadania assegurados (entre eles o de receber uma educação de qualidade), é indispensável garantir-lhes o direito de serem tratadas em conformidade com suas identidades de gênero. O reconhecimento da legitimidade da transgeneridade é decisivo para assegurar-lhes direito à autodeterminação de gênero e dignidade humana. E o que normalmente passa despercebido é que a transfobia, em todas as suas manifestações, ao negar a humanidade de travestis e transexuais, reduz a humanidade de todos/as, compromete a dignidade de cada pessoa e, na educação, não apenas impede o acesso e a permanência de travestis e transexuais na escola, mas representa um real obstáculo à qualidade da educação..A diversidade é pedagógica, e todos/as temos direito a uma educação não-sexista, não-homofóbica, não-racista, não-classista. No entanto, uma escola que permite e cultiva preconceitos e que ensina a discriminar não tem como oferecer educação de qualidade. Ao contrário, uma escola que reconhece a diversidade e que vê como legítima a expressão da diferença sexual, de gênero e de raça é uma escola melhor para todas as pessoas..
por Rogerio Diniz Junqueira INEP
Susany,
ResponderExcluirA tua vida eh uma historia de muita determinacao. Nao desistas dos teus sonhos nunca, vc vai conseguir chegar lah!
Tudo de bom para ti,
Beijos,
Thomaz
Acho que a cada postagem a cada palavra escrita mostra o quanto voce e especial em todos os sentidos tenho orgulo de tela como amiga, amo você a maneira com que expressa suas opinioes, amo a mulher que voce representa.
ResponderExcluirAmo e fiquei apaixonado voce e sem duvida o sonho de muitos homens que esperam de uma mulher companheirismo atitude decencia inclusive este que escreve para ti ficaria feliz em ter alguem como voce ao lado e agradeciria a mulher que teria ao meu lado todos os dias de minha vida.
Continue sempe assim bjs
Ola Susany
ResponderExcluirEu já tinha lido algo semelhante sobre tal informação, a algum tempo.
Eu serei sincero, não discrimino ou julgo ninguém. Pois a vida e dada a cada pessoa para se fazer o que bem entender dela. Em meu trabalho tenho um Colega Homossexual, e ele e uma das pessoas que eu me dou bem no trabalho e também um cara super integro e respeitável. e nos damos bem pelo simples fato que sigo a minha vida toda... de que cada um deve respeitar os limites das outras pessoas e os seus limites e privacidades...
Para mim se você respeita as outras pessoas independente do estilo ou vida da pessoa voce vive melhor.
Fica aqui uma frase a qual uso muito...
Viva Simples & Seja Simples... E você sera Feliz
Abraços Marcos